A revolução dos bichos
CAPÍTULO I
O Senhor Jones proprietário da Granja do Solar, fechou o galinheiro à noite, mas estava bêbado demais para lembrar-se de fechar também as vigias.
Correra, durante o dia, o boato de que o velho Major, um porco que já se sagrara grande campeão numa exposição, tivera um sonho muito estranho noite anterior e desejava contá-lo aos outros animais. O velho Major gozava de tão alto conceito na granja, que todos estavam dispostos a perder uma hora de sono só para ouvi-lo.
Ao fundo do grande celeiro, sobre uma espécie de estrado, estava o Major, com doze anos de idade, já bastante corpulento, era ainda um porco de porte majestoso, com um ar sábio e benevolente. Os outros animais chegavam-se e punham-se a cômodo, cada qual a seu modo. Os cachorros, porcos, ratos, as galinhas, as pombas, ovelhas, vacas, os cavalos, a cabra branca, o burro, os patinhos, a égua branca, a aranha, e por fim o gato. Todos os animais estavam presentes, exceto Moisés, o corvo domesticado. Quando o Major os viu bem acomodados e aguardando atentamente, limpou a garganta e começou:
__“ Camaradas, já ouvistes, algo a respeito do estranho sonho que tive á noite passada. Não estarei convosco por muito tempo e antes de morrer considero uma obrigação transmitir-vos o que tenho aprendido sobre o mundo. Já vivi bastante e creio poder afirmar que compreendo a natureza da vida sobre esta terra, tão bem quanto qualquer outro animal.’’
“ Então, camaradas, qual é a natureza da nossa vida? Enfrentamos a realidade: nossa vida é miserável, trabalhosa e curta. Nascemos, recebemos o mínimo de alimento necessário para continuar respirando e os que podem trabalhar são forçados a fazê-lo até a ultima parcela de suas forças; no instante em que nossa utilidade acaba, trucidam-nos com hedionda crueldade.”
Nenhum animal, na Inglaterra é livre ou sabe o que é felicidade ou lazer após completar um ano de vida.
“ Será isso, apenas, a ordem natural das coisas? Serás