A renascença portuguesa
Neste ensaio, pretendo fazer uma análise do movimento renascentista (a sua origem e a sua história) fazendo referência a Jaime Cortesão.
Desde os fins do século XIX, Portugal viu-se confrontado com problemas de cultura e de identidade face ao panorama europeu. A urgência da modernização que se impunha ao país, para além dos problemas económicos e financeiros exigia também a transformação das mentalidades do povo português, tradicionalmente conservador. A necessidade sentida, especialmente nos meios urbanos de alteração do regime, limitou-se numa maior adesão ao Partido Republicano e surgiu em circunstâncias históricas precisas: o ultimato, a necessidade de preservar o império e a consciência de que o país estava á beira da bancarrota. Para então resolver os problemas colocados pela contínua e progressiva deteorização da vida política e parlamentar surge o movimento da Renascença Portuguesa. Fundada no Porto em 1912, faziam parte deste movimento o jornalista Raúl Proença, o médico Jaime Cortesão (de que irei falar neste ensaio) e que também esteve na origem do movimento da Seara Nova 1, o antigo oficial da marinha António Sérgio que fará parte da direcção a partir de 1923, entre outros. Estes elementos incompatibilizaram-se com a orientação imprimida á Renascença pelo poeta Teixeira de Pascoaes e a relevância atribuída ao saudosismo para o renascimento da nação o que conduziu ao afastamento do grupo.
1- A Seara Nova é uma revista fundada em Lisboa, no ano de 1921, por iniciativa de Raul Proença e de um grupo de intelectuais portugueses da época. Na sua origem era uma publicação essencialmente doutrinária e crítica, assumidamente com fins pedagógicos e políticos. Os grupos de intelectuais reunidos em torno do projecto editorial definiram-na como de doutrina e crítica. Com a publicação pretendiam contribuir para quebrar o isolamento da elite intelectual portuguesa, aproximando-a da realidade social.