a religião no Brasil
Sendo assim, o Brasil é refém e resgate de sua própria multiculturalidade. Muito das expressões do cotidiano no Brasil representam a idéia de um envolvimento do outrem em determinadas situações. Esta dinâmica social ten-de a cristalizar representações de tolerância religiosa, interação étnico-cultural ou mesmo generosidade e democracia cultural.
Esta imagem idealizada do Brasil é pautada pelo discurso da democracia cultural e religiosa no país. Assim, o que pretendemos neste ensaio é revelar uma faceta deste processo relacional, a estruturação do ensino religioso nas escolas públicas do Brasil.
A Constituição Brasileira promulgada em 1988, artigo 210, parágrafo 1.º do Capítulo III da Ordem Social introduziu o dispositivo de que: "o ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental". Este dispositivo não era novidade na história da legislação brasileira republicana, pelo menos em caráter facultativo o ensino religioso sob o decreto de 30 de abril de 1931[1]assegurava o direito do cidadão ao mesmo, nas escolas públicas. Nos anos do regime de exceção de 1964 a 1984, manteve-se a inclusão do ensino religioso em todos os graus de ensino da escola pública. Todavia, muito embora houvesse um debate entre laicaicidade do ensino público e o caráter eclesial do ensino religioso, havia uma preocupação dos