A religiao, a midia e a seca
Seguindo a tradição secular instalada na cidade de Monte Santo na Bahia durante a Semana Santa, um grande contingente de fiéis peregrinam na madrugada da Sexta Feira para demonstrarem fé através de promessas a serem pagas, votos de agradecimento e todos os rituais que envolvem a devoção católica no Santuário da Santa Cruz no local.
Monte Santo, que serviu de rota e acampamento para as tropas do exército durante a guerra de canudos, cidade mística cujos símbolos religiosos são tombados como patrimônio cultural nacional, possui uma magnitude não só religiosa mas também de local de problemas diversos.
Nos últimos meses a cidade carente de políticas públicas e de atenção tornou-se notícia em todos os meios midiáticos do Brasil e até do mundo. Canais de tv, sobretudo a rede globo, jornais, revistas, blogs, etc, trouxeram mais um caso no páis da triste realidade que boa parte da população vive. Entretanto, o caso foi exibido, explorado e disseminado como uma absurda falta de comprometimento ou mesmo competência da justiça brasileira para com a garantia dos direitos das famílias pobres, humildes e desamparadas.
Uma série de fatos, que se transformaram em episódios ( já que era matéria de destaque todos os domingos no Fantástico da rede globo), apresentaram essa grande “luta” com o apoio predominante da opinião pública que a essa altura, diante das imagens apresentadas, já tinha entendimento formado do caso. O retorno das tão faladas crianças de Gerôncio e Silvânia adotadas ilegalmente colocou um final feliz como o próprio repórter do fantástico apresentou no “último capítulo” desse enredo.
Novamente Monte Santo chega aos noticiários nacionais. Antigamente, quando as questões culturais eram valorizadas independentemente de audiência, todos os anos a cidade era noticiada pela imensa fé do sertanejo aos símbolos sagrados. A fé sempre foi mostrada com todos os seus aspectos e exibida como um instrumento do povo para