Jovens operários
RESUMO: Este artigo traz à tona uma discussão sobre um assunto bastante debatido no Brasil: o trabalho infantil. Porém, o estudo historiográfico apresentado trata do período da Revolução Industrial na Inglaterra, apresentando suas características e discursos para legitimar essa prática. A pesquisa teve como metodologia revisão bibliográfica de clássicos da historiografia que trabalham o tema. O referencial teórico abordado vai ao encontro do Marxismo, e do Materialismo Histórico, seguindo a inclinação das obras consultadas que tratam da luta de classes. Observamos que a prática do uso do trabalho infantil obedece a diferentes contextos e justificativas e que se constitui em uma prática atemporal. Hoje o trabalho infantil é condenado e ilegal, porém, ainda ocorre. Em tempos passados, como durante a Revolução Industrial, foi legitimado por discursos que o transformaram em solução para alguns problemas da época.
PALAVRAS-CHAVE: Trabalho infantil; Revolução Industrial; Educação.
1 INTRODUÇÃO
“A exploração das crianças, na escala e na intensidade com que foi praticada, representou um dos acontecimentos mais vergonhosos da nossa história.” (THOMPSON, 1987, p. 224)
Muitos estudos mostram que as condições de trabalho nas fábricas durante a Revolução Industrial na Inglaterra eram desumanas. Começando pelos baixos salários, passando pelas jornadas excessivas de trabalho e culminando com as condições insalubres dentro das fábricas. Os séculos XVIII e XIX com todas as suas transformações fizeram crescer não só as cidades como também as diferenças sociais. Trabalhadores antes rurais que perderam suas terras pelo regime de enclosureo1, sem melhores perspectivas, chegaram às cidades em busca de trabalho e sustento e tiveram de se submeter ao trabalho nas fábricas. Trabalho do qual dependiam suas próprias vidas.
Se as condições dos trabalhadores em geral eram desumanas não