A relação entre os dados sensíveis e o mundo exterior em wittgenstein
A reflexão de Ludwig Wittgenstein sobre a relação entre dados sensíveis e mundo exterior está diretamente relacionada a sua filosofia sobre a linguagem. Da Certeza é uma publicação póstuma que reúne o material dos últimos anos de vida do filósofo sobre este tema. Apesar dos editores, Gertrude Elizabeth Margaret Anscombe e Georg Henrik von Wright, indicarem quatro quebras no texto, nesta análise distinguirei apenas dois momentos: a primeira parte (§§1-65), que contém uma crítica aos ensaios “Prova de um mundo exterior” e “Uma defesa do senso comum” de George Edward Moore; a segunda parte (§§66-676), que se distancia de Moore e inaugura uma investigação minuciosa sobre as conexões gramática/filosofia e interior/exterior. A interpretação dos texto de Wittgenstein exige um trabalho árduo do leitor, pois cada frase se desdobra em complexos exercícios de raciocínio. Para um trabalho não conter lacunas de conteúdo, seria necessário o esclarecimento de cada linha e ponto registrado pelo autor. Sem essa pretensão, farei apenas um panorama de como o filósofo trata o assunto. Wittgenstein inicia o corpo do texto já descartando o argumento de Moore, que procura provar a existência do mundo externo a partir da filosofia de “senso comum”. Ao analisar as proposições separadamente, o objetor afirma que Moore faz somente uma conexão formal entre proposições contestáveis. Quando uma premissa não é mais certa que a conclusão, o raciocínio não é legítimo. Moore contesta a filosofia cartesiana ao alicerçar suas ideias no campo empírico, e Wittgenstein refuta tanto a ideia de Moore quanto a de Descartes, dizendo que a mera dúvida - da existência da mão - é infundada, visto que, ordinariamente, a questão se alguém tem mãos sequer aparece em uma conversação. Por conseguinte, a frase “Eu sei que tenho mãos” ilustra uma situação típica na filosofia: o emprego errado da palavra “saber”. A partir desta afirmação, o filósofo averigua o uso