A reforma psiquiátrica
A história da saúde mental
Para compreendermos aspectos gerais quanto às históricas e sedimentadas concepções de saúde que influenciaram direta ou indiretamente certos paradigmas ou tendências científicas, faz-se importante nos atermos às concepções quanto a uma visão de totalidade em relação ao ser humano, e conseqüentemente as alterações desta visão ao longo da história e seus resultantes.
Segundo STOCKINGER (2007), a relação dos filósofos com a natureza era direta, não havia a experiência da separação desta com o homem. Viviam no período cosmológico. A cura da sofrimento mental vinha de diferentes formas, para os gregos era necessário haver metanóia (transformação de sentimentos) para haver cura. Recomendavam uma mente pura, pensamentos sábios, música, leitura e ginástica como condição para manter ou restaurar a saúde. O sintoma, porém, era considerado num todo como doença. Segundo Sayd e Dutra (1988) [...] do conceito médico physis humano, do organismo humano dotado de determinadas qualidades, se passa ao conceito mais amplo da natureza humana, que significaria então totalidade do corpo e da alma. Padeia (1955) diz que as enfermidades para os gregos não eram consideradas isoladamente como um problema especial, mas o homem, vítima de doença, sim, era visto com toda a natureza que o circunda e as leis gerais que o regem em todas suas qualidades individuais. Do período Socrático em diante teria predominado, segundo alguns autores, uma visão baseada mais no homem da cidade, da polis. Inaugura-se o período antropocêntrico. [...] Sócrates desloca a reflexão do cosmos para o homem, dizendo que o universo seria o objeto da ciência, e não do divino. Para o filósofo, saúde seria virtualidade, alcançada pela maiêutica, ou seja, por questionamentos acerca de si através de uma ética pessoal. Segundo Sócrates cada um poderia descobrir sua própria maneira de se cuidar.(STOCKINGER, 2007, p. 18 ; 19)
Para Platão, fundador do