A questão da cidadania em tropa de elite 2: como o sistema afeta a sociedade
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Comunicação e cidadania
“Engana-se quem pensa que o mundo real são os poderes visíveis, as leis escritas e a grana. O mais importante não é dito, nem escrito, nem contabilizado”.
Estamos em uma sociedade em que pessoas vivem pelo assassinato como forma de trabalho, como modo de ganhar dinheiro e de construir poderes. Hoje, o coração das relações sociais se chama violência. Essa é a realidade que o filme Tropa de Elite 2 traz à tona, desvendando os meandros da sociedade atual, em que os homens que deveriam proteger a população estão, na verdade, à deriva do Estado. Assim, nos é mostrado como a corrupção e a desordem social se tornaram ícones presentes nas instituições que têm como incumbência proteger o cidadão.
O “JEITINHO” DO SISTEMA
Tropa de Elite 2 expõe o funcionamento do sistema – uma máquina complexa e impessoal, que gira em torno do poder – seja ele econômico ou simbólico. O sistema, como é mostrado, corrompe até mesmo aqueles que deveriam figurar como mocinhos, pois, como é dito no filme, “nesse ‘esquema’, não há heróis”. No longa-metragem – e na vida real – a ilegalidade que deveria ser exceção, torna-se regra.
Em Tropa de Elite 2, de acordo com as teorias de Foucault, o panóptico computadorizado faz a vigilância carcerária de Bangu I, partindo do pressuposto de que ele serve para adestrar as pessoas, ou seja, “docilizar” os corpos que estão submetidos a penas judiciais, de modo que elas cumpram seus deveres perante a lei. Contudo, numa análise mais atenta, o panóptico serve não só para vigiar os presidiários, pois também é utilizado para puni-los, ao que são observados em tom prazeroso por aqueles que deveriam protegê-los.
No filme, o sistema é o modo corrupto com que as coisas são feitas, o dia-a-dia da falcatrua. Essa idéia está intrinsecamente relacionada ao famoso “jeitinho brasileiro” de resolver as coisas. Dessa