a psicologia dos psicologos
Psicologia dos Psicólogos sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
Sobre a medicalização do risco no campo psi
O dicionário Aurélio define risco de duas maneiras: como “a possibilidade de perda ou responsabilidade pelo dano” e também como “perigo ou a possibilidade de perigo”. Tais definições apontam para uma visão de risco como uma probabilidade de ocorrência de algum evento negativo, seja um dano ou uma situação de perigo. Não há, portanto, a certeza de tal ocorrência, mas sim a possibilidade, que pode ser maior ou menor de acordo com o caso.
Como apontam Castiel, Guilam e Ferreira no livro Correndo o risco: uma introdução aos riscos em saúde, a noção de probabilidade pode ser entendida de dois modos: 1) como algo “intuitivo, subjetivo, vago, ligado a algum grau de crença, isto é, uma ‘incerteza que não se consegue medir” e 2) como algo “objetivo, racional, mensurável mediante técnicas probabilísticas – ‘incerteza capaz de ser medida”. Esta segunda concepção está relacionada, por sua vez, à abordagem dos fatores de risco que busca marcadores que possibilitem a predição e mesmo a prevenção, de determinados danos ou perigos futuros. O objetivo é, portanto, entender e atingir algum controle sobre certas questões aparentemente incontroláveis ou incertas, de forma a possibilitar intervenções no presente que evitem danos futuros.
Dois conceitos são essenciais pra se entender a noção de risco: causalidade e associação. O primeiro termo refere-se não a uma probabilidade, mas a uma certeza: x causa y, ou seja, se há x, certamente haverá y. Não se trata, portanto, de um risco ou de uma probabilidade, mas de algo dado e certo. Como apontam os autores, uma vez estabelecida uma relação causal entre x e y, torna-se imperioso, especialmente em questões relacionadas à saúde, intervir em x para que y não se manifeste. Por exemplo, uma vez estabelecido que altas temperaturas causam significativos danos à saúde humana, pode-se pensar em