A psicanálise lacaniana e a educação
Jacques Lacan foi um psicanalista francês. Formado em Medicina, passou da neurologia à psiquiatria. Esteve sempre ativo e envolvido nos principais debates deflagrados em torno de questões teóricas, da formação de novos analistas do funcionamento da associação.Sua chegada produz abalos sísmicos no edifício psicanalítico. Sua figura é foco de outros sismos na própria sociedade que funda em torno de sim e de suas ideias.
“A vaca sabe ser vaca. Mas o hoimem precisa de bula para ser homem”. Essa afirmação de Jorge Forbes sintetiza algo essencial da condição humana: a necessidade do Outro. O animal vive movido pela convicção de seus instintos, que nao relutam em dar respostas rápidas, automáticas e eficazes a um estímulo interno ou externo.
Os animais não são tomados por vacilações quando afetados por algum acontecimento do seu meio nem se consomem em dúvidas “existenciais”. Eles dispõem de um repertório de comportamentos que os habilitam para a vida. Tal repertório é fixo na espécie e a homogeneidade dos comportamentos, deriva da herança, caracteriza a identidade da espécie no plano comportamental.
Com o homem se passa algo totalmente diferente. O homem não vem ao mundo com um registro de como se defender. Todos aqueles comportamentos que aparecem espontaneamente nos animais, sem a necessidade de uma aprendizagem, nos homens são insuficientes para o enfrentamento de toda a complexidade que o caracteriza.O fato de o homem não ter a parte principal de sua conduta determinada pela herança biológica o torna capaz de criar, inventar e ser agente de sua própria história.
Sua primeira intervenção na psicanálise é para situar o Eu como instância de desconhecimento, de ilusão, de alienação, sede do narcisismo. É o momento do Estádio do Espelho. O Eu é situado no registro do Imaginário, juntamente com fenômenos como amor, ódio, agressividade. É o lugar das identificações e das relações duais. Distingue-se do Sujeito do Inconsciente,