Nota sobre a Criança
Apesar de não ser conceituada psicanaliticamente, a ‘violência’ contemporânea alcançou certos patamares que a levou a ser considerada nas elaborações teóricas e práticas psicanalíticas.
A psicanálise não se apresenta como solucionadora da violência, mas não exclui suas intervenções do combate a atos violentos reproduzidos pelo Outro social.
As teorias psicanalíticas de orientação lacaniana fazem uma leitura da violência como ‘insolúvel’, propondo uma posição que não desconsidere este diagnóstico, mas o leia de uma forma diferente do senso comum.
Sendo assim, a psicanálise enquanto estratégia de combate à violência, não se iguala a propostas que pregam recolocar o jovem em um caminho idealizado pelo Outro como ‘bom’, nem tampouco segregar esta violência a espaços específicos, negando o caráter humano da mesma. A psicanálise de orientação lacaniana lê a violência como ápice do dizer, como atos que se impõem quando palavras falham.
Uma intervenção nessa área da violência exige uma sensível posição: ao mesmo tempo, temos que nos atentar para este ‘resto’ insolúvel e suportá-lo. Fazermos-nos escutar a partir do termo “violência”. Ao propor uma intervenção em uma criança ou adolescente em situação de violência, a partir de seu envolvimento direto ou indireto com o tráfico de drogas, é importante salientar que em dado contexto, não é possível que esse tipo de intervenção seja de ordem psicoterápica. Mesmo que possa produzir um efeito psicoterapêutico a posteriori, é um trabalho aonde não há muito espaço para a construção de uma clínica psicanalítica de fato.
Em um caso deste tipo, é preciso demonstrar o interesse neste indivíduo por trás dos atos