A problemática das drogas e a ideologização das medidas
Editado e distribuído pelo Conselho Federal, o periódico sempre trás a colaboração de importantes articulistas com matérias de enorme significado para a categoria dos psicólogos e sociedade em geral. É um meio de comunicação que goza do meu respeito e admiração e, por isso mesmo, me dei uma tarefa árdua: ser o contraponto das argumentações trazidas no Jornal do Federal do Conselho Federal de Psicologia, ano XXIII, nº 102 de Outubro de 2011, nas suas reportagens que abordam as drogas.
Já no seu editorial, lemos, que “muitas vezes tem-nos parecido tomar força no país um combate ao usuário e não às drogas.” Esta afirmação é passada de modo a deixar entendido que tal prática está, no mínimo, equivocada. Acontece que não podemos esquecer, por exemplo, que sem usuários não há drogas usadas; que raramente alguém é abordado por um pequeno, médio ou grande traficante para a compra de qualquer droga; que freqüentemente os pequenos usuários vendem drogas para outros pequenos usuários e que, portanto, não há como dissociar o combate a um sem o combate ao outro. Concordo com o editorial quando o mesmo pede o combate às drogas, entendendo como combate ao sistema de tráfico. Mas, se numa extremidade deste sistema está o produtor da droga, na outra está o consumidor ambos fazendo parte do mesmo sistema. Acredito que, sendo verdade que no país toma força o combate ao usuário, tal tendência é tão incompleta quanto seria