A POL MICA SOBRE O USO DO V U
Uma das questões que mais tem suscitado o debate nas sociedades europeias, e em especial na francesa, é o uso do véu, inevitavelmente associado aos crentes da fé muçulmana. Visto por uns como um símbolo de manifestação da fé e por outros como um elemento de opressão, inimigo da liberdade, é um dos objetos que acendeu a polêmica sobre o lugar da religião no espaço público.
Para os muçulmanos o véu é um sinal de respeito e recato, para que a mulher não seja vista como um objeto sexual, porém seu uso não é imposto às muçulmanas dentro da comunidade islâmica, mas é uma obrigação que elas acreditam ter com a religião que seguem. Para elas a proibição do véu na França é uma afronta, uma provocação. A decisão do uso de um determinado símbolo religioso deve ser pessoal, o que não impede quer os líderes religiosos, quer outras figuras de relevo na sociedade, de expressar o seu ponto de vista e tentar convencer sobre o seu mérito. E mesmo dentro de uma religião, existirão sempre pessoas com diferentes compreensões da ortodoxia da sua fé.
A liberdade religiosa encontra-se, hoje, consagrada na maioria das Constituições modernas. Talvez a mais importante de todas seja a Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Organização das Nações Unidas a 10 de dezembro de 1948, cujo texto serviu de inspiração para quase todas as Declarações e Convenções que lhe seguiram. O seu artigo 18º é referente ao reconhecimento da liberdade religiosa. Dessa forma, compreende-se que a proibição do uso do véu cobrindo todo o rosto no espaço público pode levantar problemas quer perante a autonomia pessoal, quer perante a liberdade religiosa. Porém, esta questão deve ser primordialmente tratada ao nível da liberdade