A POESIA DE JOSÉ GODOY GARCIA
Godoy reforçou, com sua obra, a certeza de que os grandes poetas mais que saber escrever, souberam ver. A grande e verdadeira poesia está em saber ver, em irmanar o olhar com as coisas. Em contemplá-las com o olhar pleno de lirismo, um olhar capaz de ver a verdade imanente das coisas ínfimas. Um olhar capaz de ver o cio latente da vida na terra que recebe a chuva, que envolve a semente e que gesta a continuidade de tudo em seu ventre inexorável.
Começa a beleza da escrita do poeta por não se importar com o como diz, incorporando à sua poética a singeleza daquilo que o encanta. Poesia vocabular e sintaticamente simples, direta, liberta das amarras formais, afeita somente a trazer consigo a força, a pureza e a beleza das coisas de que trata. Por vezes incorporando traços de oralidade, Godoy se aproxima, também e mais, do universo do qual retirou grande parte da sua poesia, o da gente simples, das pessoas que preservaram sua essência e nunca dissociaram seu viver do viver das coisas naturais, dos bichos e das plantas.
Uma poesia sensível por conseguir captar a beleza e a essência das coisas. Godoy é um dos poucos poetas, e só os grandes o fazem, capaz de não somente produzir poesia, mas de captar a poesia que existe nas coisas, de nos revelar a poesia imanente em tudo que nos rodeia e que, com nosso alheamento, não enxergamos. Godoy faz sim poesia, e das melhores, mas sabe, e aí reside talvez sua grandeza, perceber a