Antologia do 50º aniversário de poesia
Nos anos 1940 surge em Goiás um grupo de jovens poetas engajados, que acabou por revolucionar a poesia goiana, inserindo-a, tardiamente, no panorama do agitado movimento modernista de 1922. Entre os seus “rebeldes” integrantes estão Bernardo Élis, Domingos Félix de Souza, João Accioli, José Décio Filho e José Godoy Garcia.
José Godoy Garcia nasceu em Jataí, m 1918, e faleceu em 1999, aos 80 anos, com uma premiada carreira de 50 anos dedicados à literatura. Neste longo percurso, escreveu romance, conto e poesia. Fortemente influenciado pelos poetas de 1922, Godoy Garcia dedica o seu primeiro livro, Rio do Sono, de 1948, a Mário de Andrade. A poesia de Godoy Garcia traz várias marcas da herança modernista: versos livres e narrativos, valorização da linguagem popular e coloquial, abordagem de temáticas sociais, exploração da cultura popular e tradicional. O poeta parece ter aprendido com os modernistas a lição de que a poesia está nas coisas simples da vida.
Um dos temas mais férteis em José Godoy Garcia é o social. Comunista convicto, o poeta via nas atividades políticas o meio mais direto para a participação e transformação social. Como aliada das suas posições ideológicas, ele criou uma poesia comprometida com temas sociais e políticos. O estudioso José Guilherme Merquior considera o campo da poesia íntimo e propício para as temáticas sociais. Pensando desse modo, podemos dizer que uma lírica social só será possível através da íntima compreensão do social e da interpretação histórica, o que exige uma profunda penetração nos problemas e nas questões sociais. Para exemplificar o que foi dito por Merquior, destaquemos o poema Goiânia 87, de Os Dinossauros dos Sete Mares: “Foi em Goiânia, 87, onde a negra Luz do césio veio com sua umbela de átomo,Nervura de ódio e crime ferir a linfa E medula da vida mentindo