A Paz Uma Ilus O
Nas férias de março, viajei para a praia. Observava atentamente aos detalhes das estradas monótonas de Maceió.
Eu escutava música calmamente, a fim de passar o tempo. O percurso era longo e traiçoeiro. Teria sorte se não me deparasse com os acasos da vida, que me causariam a perda dela. E não seria um exagero descrevêlo desse jeito, o caminho era realmente perigoso.
Após algum tempo, adormeci, porém acordei com os gritos estridentes de crianças inquietas. Foi o bastante para perceber que finalmente, chegava em Maragogi.
A noite caía lentamente. Tomei um banho e caminhei calmamente até o restaurante do hotel, contemplando as aparentes estrelas alinhadas no céu. Entrei no local lotado e ao passar pela ala infantil, me deparei com um menino peculiarmente interessante. Não era bonito, era diferente. Era comprido como uma lombriga e tinha olhos esbugalhados como um sapo.” Engraçado” era o adjetivo perfeito para a ocasião.
Perguntei a monitora quem era o sujeito parado ali. Me tratou como leões são tratados em circos clandestinos, me chicoteou com o olhar. Percebi que ali, não seria bem recebida. Não me abalei com os péssimos modos e de teimosia, me aproximei do garoto. Este curiosamente lia uma famosa obra de
Calderón de La Barca. Me olhou com expressão assustada e disse algo, contudo não entendi. Não pronunciava frases, apenas alinhava palavras aleatoriamente a fim de criar um contexto. Era bem difícil a comunicação, assim como era complicado achar uma agulha no palheiro.A língua portuguesa e espanhola podem ser bem distintas quando possível.
Após longas horas de conversa e muitos desentendimentos, descobri uma personalidade intrigante no ser. O garoto era argentino, talvez isso explicasse o fato do livro em espanhol.