A partida do audaz navegante
A obra de JOÃO GUIMARÃES ROSA, Primeiras estórias no conto intitulado “A partida do audaz navegante", o autor nos faz refletir sobre a poética do pensamento infantil, a arte de filosofar presente na infância. O conto citado revela a presença de um pensamento infantil lírico e filosófico sobre as situações cotidianas, rompendo com os paradigmas tradicionais e previsíveis. Se faz presente neste conto, as marcas da oralidade, os desvios sintáticos nos diálogos dos personagens mostrando a força do pensamento infantil, a criação de palavras principalmente por parte da personagem principal Brejeirinha, este pensamento que leva a protagonista para lugares onde ninguém consegue chegar, que provém de sua imaginação. Nos convida a pensar os limites do que está explícito, visível, e do que está implícito, nas entrelinhas, como tudo aquilo que pode ser captado pelo olhar de uma criança. A protagonista excita-se nas artes de inventar e de contar. Ao ser criticada, ela diz: " Antes falar bobagens, que calar besteiras..." (ROSA, 1994: 471). A história que Brejeirinha inventa está intrinsecamente ligada ao que se passa, porém com um toque de fantasias.
As indecisões, as dúvidas, as curiosidades da criança perante o universo que a cerca se expressa por meio de um discurso mágico e insólito, como o dos poetas. Brejeirinha a menina-poeta cria resoluções fictícias para situações reais. Ela possui um olhar de alegria para todas as coisas e transforma, por meio de seu olhar poético. Como afirma o narrador: "Mas Brejeirinha tinha o Dom de apreender as tenuidades: delas apropriava-se e refletia-as em si – a coisa das coisas e a pessoa das pessoas.” (ROSA, 1994: 470)
Recordações sobre as passagens:
Brejeirinha, não gostando de mar: " O mar não tem desenho. O vento não deixa. O tamanho... lamentava-se de não ter trazido pão para os peixes.
- Peixe, assim, a esta hora"?" – Pele duvidava. Divagava Brejeirinha:
- A cachoeirinha é uma parede de água..." Falou