primeiras estorias
Autor
João Guimarães Rosa nasceu em 1908, em Minas Gerais. Enquanto trabalhava como médico no interior, registrava o que ouvia e via: expressões, anedotas, versos, tipos humanos. Essas anotações foram amplamente usadas em sua obra.
Linguagem
Destaque da literatura de Rosa, a linguagem é marcada por forte originalidade. Aliada a informalidade da linguagem coloquial à complexidade da linguagem poética. O tom é variado: ora sério [lírico ou dramático], ora cômico.
Temas
Sentido oculto da existência, crescimento espiritual por meio de experiências amorosas, vida como aprendizado, sensibilidade extraordinária manifestando-se pela loucura e pela ingenuidade infantil, vida como predestinação, limites entre bem e mal.
Análise da obra
Em Primeiras Estórias, parece haver 'leis' desconhecidas que regem as vidas das personagens, pressupõe-se um 'mundo paralelo', físico, que influencia a conduta humana. O contato com essas 'forças invisíveis' depende de uma sensibilidade aguçada. Por isso muitas das personagens dos contos de Guimarães Rosa são estranhas. 'Loucos' [como Darandina ou Tarantão], crianças extremamente sensíveis [como o Menino, de 'As Margens da Alegria', ou Brejeirinha, de 'A Partida do Audaz Navegante'], apaixonados [como Sionésio, de 'Substância'], todos representam seres especiais, que parecem viver em outra dimensão, demonstrando uma sabedoria inata, intuitiva. São, enfim, seres iluminados.
Essa iluminação relaciona-se à teoria platônica da reminiscência. A alma, sendo imortal, teria vivido em contato com o mundo Ideal, o plano da Perfeição. Ao encarnar, a alma guardaria lembranças difusas, inconscientes, desse mundo 'bom, belo e verdadeiro', para o qual deseja profundamente retornar. Algumas experiências no plano terreno teriam o poder de despertar na alma o gosto da Perfeição, possibilitando uma 'redescoberta' de uma alegria até então adormecida.
Esses momentos de epifania, reveladores de uma Verdade oculta, transformam a vida