A participação política das mulheres no Brasil
In: A Mulher e o Poder Legislativo no Estado do Rio de Janeiro: Lugares, Perfis e Experiências Municipais (Ed. CEDIM-RJ) Coordenação de Pesquisa: Clara Araújo.
Na entrada do terceiro milênio, o ingresso das brasileiras na política institucional ainda é tímido. Porém, este é um quadro que já se mostrou menos animador. Da promulgação da I Constituição Republicana, em 1891 - na qual as mulheres não foram incluídas como cidadãs - às eleições de Roseana Sarney como primeira governadora de um estado e de Benedita da Silva como primeira senadora e primeira governadora negras — ambas na década de 1990 — foi um longo percurso.
Apesar de possuírem, atualmente, níveis de escolaridade superiores ao masculino e de estar cada vez mais presente no mercado de trabalho, em nenhum âmbito da vida social a participação de mulheres e homens é tão desigual como no exercício do poder.
Seja em cargos eletivos, em postos de direção nos órgãos executivos ou no sistema judiciário, o poder ainda é predominantemente ocupado por homens. Somente em 2000, uma juíza - Ellen Gracie Northfleet - alcançou o topo da hierarquia do Supremo Tribunal Federal. Diante da significativa atuação das mulheres em movimentos sociais - associações, sindicatos, entidades - também no Brasil, o que se observa é uma capacidade de engajamento que não corresponde à sua pequena presença nas instâncias decisórias.
Não obstante tenha sido um dos primeiros países da América Latina a conceder o sufrágio universal, o Brasil está entre as nações que apresentam a mais baixa representação política feminina no Ocidente (Toscano 1998). Entretanto, este é um cenário que se repete em diversas nações tidas como desenvolvidas e com maior tradição democrática, como é o caso da França. Convém registrar, também, as interrupções na trajetória democrática do país por regimes ditatoriais impedindo o livre gozo político dos cidadãos, com impacto sobre a participação