A papisa
Desde a antiguidade, os romanos sempre adoraram uma boa farsa. De Plauto a Neri Parenti, mulheres fantasiadas de homens, personagens de clichê e bufões têm deleitado os habitantes da Cidade Eterna.
O filme alemão “A Papisa”, esquivou-se do âmbito da comédia para apresentar a história fictícia de um Papa do sexo feminino, numa narrativa longa e cansativa que nos faz lembrar os Monty Python com nostalgia. “A Papisa” baseia-se no livro homônimo da escritora norte-americana Donna Woolfolk Cross. Publicado em 1996 após “sete anos de pesquisas”, narra uma fábula com suficientes viradas grotescas para ser digna dos irmãos Grimm.
A história gira em torno de Joana, uma jovem criada na Alemanha do século IX por um sacerdote que se recusava a reconhecer suas qualidades intelectuais, uma vez que “sob a perspectiva católica”, as mulheres seriam inferiores. Este último aspecto, destacado pelos múltiplos maus-tratos sofridos pela protagonista, evidencia a convicção pessoal da autora da “evidente carência da Igreja católica” de um toque feminino. Joana cresce travestida de homem, e mediante uma série de incidentes providenciais, chega a Roma, onde, graças às suas aptidões médicas únicas, seu alter ego, "Giovanni Anglicus", torna-se confidente do Papa Sérgio II (844-847). Com a morte prematura do Pontífice, provocada por intrigas, "Giovanni Anglicus" torna-se Papa por aclamação popular. Joana dedica-se então a uma série de reformas, que incluem a implementação das “escolas catedrais” para mulheres (ainda que, na verdade, tais escolas só fossem surgir dois séculos mais tarde), a reforma dos aquedutos e melhorias na vida cívica. Obviamente, a missa, a oração e os sacramentos não têm lugar na vida atarefada de Joana, e o filme não faz menção a uma possível ordenação de "Giovanni Anglicus".
Seu breve pontificado encerra-se com sua morte, durante a procissão do Domingo