A Outra Volta do Parafuso - Henry James
“A Outra Volta do Parafuso” é um romance psicológico de Henry James em que o sobrenatural é abordado. Uma narrativa feita sob o ponto de vista de uma única pessoa nos deixa dúvida quanto à veracidade dos fatos.
Fugindo dos romances típicos e clássicos, a narrativa desse livro é feita sob a opinião pessoal da governanta, a narradora. Banhada a devaneios, conflitos emocionais e psicológicos, ela nos passa a clara sensação de que não tem absoluta certeza do que está vendo e/ou sentindo. As aparições que relata ter visto podem não ser reais, mesmo tendo características físicas parecidas com as dos antigos empregados, mas é aí que o leitor não pode se deixar levar pela narrativa. Durante a história há pequenos detalhes que podem passar despercebidos e que nos fazem voltar à realidade, como durante a descrição de Jessel para a Sra. Grose. A narradora deixa subentendido que não sabe de quem se trata quando apenas concorda com as características que Sra. Grose cita, fazendo com que o “fantasma” visto seja o de Jessel. Nos romances tradicionais, o narrador é neutro, apenas cumpre a sua função de narrar os acontecimentos, sem objetivações e opiniões sobre os fatos, já que a sua opinião aparece no uso dos constantes e numerosos adjetivos.
A “heroína”, conturbada, se destaca completamente dos típicos perfis de heroínas românticas, aquelas que enfrentam impedimentos amorosos e/ou superam obstáculos. Além de tentar nos convencer sobre a sua versão da história, impulsiona as outras personagens a acreditarem nela, quase suplicando para que isso aconteça. Foi capaz de entrar em conflito com as crianças para que a sua opinião fosse a única aceita e correta, dando à narradora um perfil de complexada e louca. Seus obstáculos a serem superados são criados por ela mesma, sendo a “vitoria” algo montado e previsto; cada passo que dá foi “matematicamente” pensado, levando em conta todas as consequências