A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado
Friedrich Engels
Prefácio
Por justiça histórica, é necessário ter em mente que o livro se baseia em grande parte nas pesquisas e teorias de um cientista e historiador estadunidense chamado Lewis Henry Morgan, sendo que o próprio Engels deixa isso bem claro em várias passagens do livro.
Até o início de 1860...: Até o início da década de 1860, não se podia falar em história da família, pois esta ainda estava influenciada pela religião cristã e seu contexto patriarcal. Entendia-se, a época, que a família sempre fora daquele jeito, patriarcal, sem nenhuma evolução através da história.
Sobre Johan J. Bachofen e seu trabalho: Bachofen, em seu livro O Direito Materno, afirma que:
Nos tempos primitivos, os seres-humanos viviam em total promiscuidade sexual
Devido a isso, era impossível estabelecer a paternidade da prole, apenas a maternidade era seguramente afirmada. Isso ocorria em todos os povos (Direito Materno).
Em decorrência disso, as mulheres gozavam de elevada consideração social.
Bachofen utilizou-se de mitos transcritos na literatura clássica para explicar a transição da poliandria para a monogamia. Ele explicava tal passagem a partir do surgimento de novas divindades (representantes do direito paterno) que substituiriam as antigas (representantes do direito materno).
A Oréstia de Ésquilo segundo a interpretação de Bachofen: Clitemnestra, levado pela paixão por seu amante, Egisto, mata seu marido, Agamenon. Entretanto, Orestes, filho de Clitemnestra e Agamenon, vinga seu pai matando sua mãe. Por essa razão, é perseguido pelas Erínias, seres demoníacos que protegem o Direito Materno, segundo o qual, o matricídio é o mais imperdoável dos crimes. As novas divindades, no entanto, Apolo e Atenas, protegem Orestes. Orestes alega que Clitemnestra cometeu um duplo crime ao matar seu marido e o pai de seu filho, mas as Erínias respondem dizendo que Clitemnestra não possuía laços de sangue