A origem da desigualdade entre os homens
A obra trata exclusivamente da opinião de Rousseau sobre o homem, a sua essência, seu lugar e o seu papel na natureza e no mundo, como um ser inteligente e único. Em à República de Genebra, início de suas considerações Rousseau expressa a intimidade de seus desejos ao deixar exposto que desejava, se pudesse, escolher um Estado para nascer que fosse um em que todos os cidadãos privados, conhecendo-se entre si, nem as manobras obscuras do vício, nem a modéstia da virtude pudessem subtrair-se aos olhares e ao julgamento do público e em que esse doce habito de se ver e de se conhecer fizesse do amor da pátria o amor dos cidadãos, antes que aquele da terra. Seus desejos mais solenes no entanto, viam o povo de uma maneira bem mais nobre do que o é. Disse em uma de suas passagens: “ que o povo, por seu lado, fosse tão reservado em dar seu consentimento a essas leis e que sua promulgação só pudesse ser feita com tanta solenidade que, antes que a constituição fosse abalada, todos tivessem tempo para se convencer de que é sobretudo a grande antiguidade das leis que as torna santas e veneráveis, porquanto o povo logo despreza aquelas que vê mudar todos os dias e que, acostumando-se a negligenciar os antigos usos, sob o pretexto de fazer melhores, são introduzidos muitas vezes grandes males para corrigir menores. A grande questão, no entanto não residia nos seus anseios e preferências de nascimento e nem o povo, ou a democracia que ele sonhava, a questão preponderante da obra diz respeito ao homem e seu questionamento é: “como conhecer a fonte de desigualdade entre os homens, se não se começar por conhecer os próprios homens? E como poderá o homem a se ver tal como a natureza o formou, por meio de todas as transformações que a sucessão dos tempos e das coisas teve de produzir em sua constituição original e separar o que está em sua própria origem daquilo que as circunstancias e o progresso