a odisseia
O poema relata o regresso do protagonista Odisseu - do qual deriva o título da obra - (ou Ulisses, como era conhecido na mitologia romana), um herói da Guerra de Troia. Como se diz na proposição, é a história do “herói de mil estratagemas que tanto vagueou, depois de ter destruído a cidadela sagrada de Troia, que viu cidades e conheceu costumes de muitos homens e que no mar padeceu mil tormentos, quanto lutava pela vida e pelo regresso dos seus companheiros”. Odisseu leva dez anos para chegar à sua terra natal, Ítaca, depois da Guerra de Troia, que também havia durado dez anos. 2
A trama da narrativa, surpreendentemente moderna na sua não-linearidade, apresenta a originalidade de só conservar elementos concretos, directos, que se encadeiam no poema sem análises nem comentários. A análise psicológica, a análise do mundo interior, não era ainda praticada. As personagens agem ou falam; ou então, falam e agem. E falam no discurso directo, diante de nós, para nós – preparando, de alguma forma, o teatro1 . Os eventos narrados dependem tanto das escolhas feitas por mulheres, criados e escravos quanto dos guerreiros.
A influência homérica é clara em obras como Eneida, de Virgílio, Os Lusíadas, de Camões, ou o Ulysses, de James Joyce, mas não se limita aos clássicos. As aventuras de Ulisses, a superação desesperada dos perigos, nas ameaças que lhe surgem na luta pela sobrevivência, são a matriz de grande parte das