A obra O Príncipe de Nicolau Maquiavél
É uma obra atemporal, porém certas práticas precisam ser sempre estudadas com o contexto no qual foram escritas. Não feita tais observações, seus princípios podem ser mal interpretados tornando-se anacrônicos, o que é de costume na obra. Com o passar dos tempos O Príncipe se tornou importante bibliografia para alguns governos e governantes que descontextualizam a obra e a seguiram de forma arbitraria conferindo-a um aspecto maldoso.
A obra foi escrita em Florença, na época do Renascimento, Maquiavel queria ver a Itália poderosa e unificada, por isso transportou tal sentimento para obra. Uma vez que em terras italianas espalhava-se a confusão, a desordem e instabilidade política com crises constantes. Não existia um Estado central e nem um poder legitimo, o que propiciava várias disputas interna. Enfim, uma situação que não permitia a estabilidade de nenhum mandato de governo por tempo superior a dois meses.
Com o poder tornando-se cada vez mais multipolarizado, Nicolau com base em sua ampla experiência política tinha noção que a estabilidade só poderia ser conquistada e/ou retomada “por ações rápidas e precisas, que só um governante forte poderia executar. E um governante forte nessa época deveria ter pulso firme, ser determinado e não medir esforços, era preciso ser capaz de agir.” (Laury, A.)
Foi a partir da necessidade do monarca ser capaz de agir sem medir esforços, para se manter no poder, que surgiu de forma errônea a frase de que “os fins justificam os meios”, o que Maquiavel não chegou realmente a dizer. Apesar de, no contexto em que a obra foi escrita, realmente o fim “justificava” o meio. Ou seja, fazer tudo o que for necessário para manter-se no poder e nada mais. “Uma vez que o manter no poder que Maquiavel pregava e ensinava, não buscava o absolutismo, mas sim a unificação e estabilidade” (Laury, A.) por fim a unificação da Itália.