A música nos filmes mudos

Curso de Produção Cultural

A música nos filmes mudos
Trabalho elaborado para o módulo

Fundamentos das Artes Audiovisuais com Nirton Venâncio

por

Rosina Popp Torres

No dia 28 de dezembro de 1895, os irmãos Lumière apresentaram pela primeira vez um filme, acompanhado por piano. Tanto a projeção da imagem em movimento quanto seu acompanhamento musical agradaram o público e a técnica se espalhou rapidamente. Em 1896 já tem documentadas diversas salas de exibição de filmes em Londres - com acompanhamento de piano ou até de orquestras. No caso dos filmes mudos, falar de trilha sonora é inadequado, já que esta
“trilha” não é nada constante. Ela muda com cada intérprete, cada apresentação. A música acompanhava o filme, não virou uma trilha dele. Assim, no final do Século XIX, as músicas escolhidas não tinham uma ligação direta com os acontecimentos mostrados na tela, mas eram músicas populares da região da exibição. Os primeiros filmes eram curtos, e geralmente uma música conhecida acompanhava cada um destes filmes. No intervalo entre os filmes, os músicos improvisavam.
Surge então a questão, por que os filmes foram acompanhados por música e não, por exemplo, por atores falando diálogos. Existem várias tentativas de encher o silêncio dos filmes, seja com diálogos, seja com legendas, mas o que se estabeleceu foi o acompanhamento por música ao vivo. Há diversas explicações para isso: No início, os projetores ainda estavam na sala de exibição e produziam muito barulho, que a música se propôs a abafar (Kurt London).
Conforme Hanns Eisler e Theodor Adorno, a escolha da música ao vivo se baseou num desconforto do público ao entrar numa sala de exibição inóspita, escura e fria. Vendo na tela uma “realidade” virtual e irreal, o espectador teria se sentido assustado. A música tinha o poder de relativar isso , transformando o espaço em um local agradável. Além disso, a música deu à tela plana uma terceira dimensão, intensificou a