A música do Grande Circo Místico
“Hora de ir embora
Quando o corpo quer ficar
Toda alma de artista quer partir
Arte de deixar algum lugar
Quando não se tem pra onde ir”
Trecho da canção Na carreira, com letra de Chico Buarque de Hollanda e música de Edu Lobo.
Em 1982, o Ballet Teatro Guaíra encomendou ao arranjador carioca Eduardo de Góis Lobo musicas para um espetáculo em produção. O também instrumentista, conhecido como Edu Lobo, pediu para que suas composições fossem letradas. Para tal, chamou o já consagrado poeta Chico Buarque. Desta parceria, nasceu um dos maiores espetáculos musicais já montados no Brasil. Lançado em março de 1983, O Grande Circo Místico, teve um público de mais de 200 mil pessoas em dois anos em cartaz, além de lotar o Maracanãzinho no Rio de Janeiro, e o Coliseu dos Recreios em Lisboa. Baseado no poema homônimo “A Túnica Inconsútil” do parnasianista/modernista Jorge de Lima, O Grande Circo Místico conta a história de um aristocrata, Frederico, que se apaixona pela acrobata, Beatriz. Deste encontro nasce Charlotte, que será apresentada ao público como a estrela do recém formado Circo Knieps. O espetáculo vai ainda mais longe, com a mistura de ópera, circo, poesia, teatro e da música. As canções ficaram a cargo de grandes intérpretes da música brasileira, como Gal Costa, Milton Nascimento, Zizi Possi, Tim Maia, entre outros, além de Chico Buarque. O sucesso foi tão grande, que a Som Livre lançou no mesmo ano o show em disco, com destaque para Beatriz cantada por Milton Nascimento. O trecho de Na carreira explode na canção final, contextualizando o poema de Jorge de Lima, com a maestria das composições de Edu Lobo e Chico Buarque. Na intenção de resgatar o grande sucesso, o cineasta Cacá Diegues e o roteirista George Moura levarão para as telonas esse espetáculo de dança, com a produção da cineasta Renata Almeida Magalhães.