A muralha mesologica do rio de janeiro

- O sítio definitivo: Primeira malha urbana

Com a morte de Estácio de Sá, a tarefa de transferir a cidade para seu sítio definitivo passou a ser de Mem de Sá. Após consultar os homens importantes da cidade, ele optou por sua mudança da carioca para o alto de um morro coberto de matas, mais para o interior da baía, cedendo à ótica dos ditames militares a respeito de segurança. Essa substantiva descrição da cidade do Rio de Janeiro, sua primeira crônica oficial, torna evidente a preocupação com a defesa militar quando detalha as características da cercadura, feita de grossos muros com 4,40m de espessura e de altura. Também chama a atenção a informação referente aos prédios públicos construídos com dois pavimentos, quando seria mais simples e rápido fazê-los com apenas um. Creio que isso se deu, mais uma vez, por questão de segurança: um observador situado no andar superior do sobrado teria plena visão por sobre o topo da muralha, descortinando, assim, toda a baía de Guanabara e, principalmente, sua entrada. Em tudo, até na construção de seus prédios, prevaleceram as precauções de ordem econômica e com a defesa da cidade. Se o sítio no alto do morro, inicialmente chamado do Descanso e após a construção da fortaleza de São Januário batizado como morro do Castelo, apresentava vantagens do ponto de vista estratégico-militar, padecia de outro lado de sérios problemas limitadores do crescimento e futuro desenvolvimento da cidade. Isso porque eram escassas as fontes de água, exíguas as áreas planas ou declividade suave que permitissem a implantação das edificações, além de o solo apresentar composição propícia ao desmoronamento caso se realizassem grandes cortes em suas encostas. A região circunvizinha era dominada por lagoas, charcos, manguezais e terrenos baixos que se alagavam com as frequentes chuvas. Além disso o nível das águas subterrâneas era bastante alto, tornando o terreno muito úmido, problema agravado pela natureza do solo, constituído de terras