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Ângela Maria Rubel Fanini
Resumo: Aluísio Azevedo, romancista do século XIX, retrata em sua obra inúmeros personagens trabalhadores, fazendo migrar para a esfera ficcional parte do mundo do trabalho oitocentista da sociedade carioca. Neste artigo, focaliza-se esse universo no romance O Cortiço, analisando as múltiplas faces do trabalho, em virtude de classe social, gênero e etnia.
Palavras-chave: romance; século XIX; Aluísio Azevedo; universo do trabalho.
LABOR UNIVERSE IN THE NOVEL O CORTIÇO BY ALUÍSIO AZEVEDO
Abstract: Aluisio Azevedo, Brazilian novelist of the 19th century, depicts in his writings workers characters, formalizing in a certain extension the labour universe belonged to the Brazilian society in those times. In this paper, this literary setting is focused through the analyses of the novel O Cortiço, studying the multiples faces of labour, due to social class, gender and ethnic issue.
Key-words: Brazilian novel; Aluísio Azevedo; labour universe.
Introdução
Candido (1981, p.117) argumenta que a obra de Aluísio Azevedo se afasta da realidade nacional uma vez que não se vincula à tradição literária interna, “empenhada e interessada” em retratar o local. Aproxima-se de uma dada estética francesa, transportando-a para o cenário nacional, sem contudo adaptá-la. Na década de 70, desloca essa análise (Candido, 1974, p.787-799), enfatizando em O Cortiço a articulação com a história da acumulação primitiva de capital no Brasil, formalizada a partir do conflito entre personagens pobres e ricos. Segundo o crítico, a animalização que incide sobre as personagens de O Cortiço é diferenciada e mediada pela categoria trabalho. Os que não trabalham em condições adversas, provinientes de estratos sociais elevados, são animalizados de forma branda. Já as personagens pobres trabalham em condições brutais e desumanas e são descritas de modo muito mais animalesco.
Atendo-se a