A multiterritorialidade
Vivemos muito mais do que o domínio da desterritorialização, a construção de territórios múltiplos e a possibilidade de vivenciar uma multiterritorialidade. Territórios múltiplos seria o termo mais adequado para indicar a convivência, lado a lado, hoje, de diferentes lógicas de territorialização, enquanto multiterritorialidade seria mais apropriado para dar conta da sobreposição de lógicas territoriais, seja no interior de uma mesma escala geográfica, seja pela sobreposição de lógicas territoriais que ocorrem em escalas distintas.
Assim a multiterritorialidade se realizaria tanto na sua forma “passiva”, permitindo a partir de um mesmo local o adicionar de múltiplas escalas territoriais, quanto na sua forma “ativa”, com o deslocamento físico extremamente facilitado para quem tem acesso permanente aos meios de transporte mais rápidos. Tudo isso, é claro, facilitado graças ao acesso aos pontos de conexão às redes dos circuitos globalizados. O que distingue mais claramente este caráter entre uma multiterritorialidade “ativa” e “passiva” é a condição de classe de quem dela participa: “pobre ou capitalista”.
“Territórios múltiplos” podem ser desdobrado em diferentes tipos de territorialidade, dependendo da sua abertura para o exterior. Entre territórios-clausura muito mais arraigados e de fronteiras mais fechadas; territórios constringentes, capazes de impor certas resistências a penetração de fluxos mais amplos; e territórios suporte ou territórios-rede, quando servem basicamente como patamar subordinados a interesses extremos, sustentando ou fortalecendo as redes da divisão social do trabalho.
Uma outra distinção foi a que fizemos em Haesbaert, onde identificamos quatro tipos principais de territorialidade ou de processos de territorialização:
a. Territorializações mais tradicionais e exclusivitista, que não admitem sobreposições de jurisdições e defendem maior homogeneidade interna.
b. Territorializações fechadas, ligadas aos