A mulher, a histeria e a contemporaneidade¹
Michelle Silva de Andrade²
Resumo:
Este artigo aborda questões sobre a mulher nos tempos de hoje. Revela algumas demandas femininas e como essas se configuram no cenário da histeria. Descreve a estrutura histérica segundo Freud e a relaciona a alguns sintomas contemporâneos. Discorre sobre alguns apontamentos de Lacan à teoria da histeria de Freud.
Palavras-chave: Psicanálise, histeria, contemporâneo.
Freire (2001) revela que a histeria é um fenômeno de massa da atualidade e apresenta-se nas expressões da feminilidade. Foi talvez a principal contribuição da psicanálise, onde Freud descreveu o caráter histericizante da mulher e da cultura. A histeria é apontada, então, como uma forma de expressão da subjetividade.
A grande pergunta freudiana no que se refere a mulher e a histeria era “o que quer uma mulher?”. Para essa pergunta Freud buscava respostas nos casos de histeria que atendia e na cultura, onde pôde encontrar conseqüências dessa feminilidade no contexto cultural (FREIRE, 2001).
Freud, em 1889, já começa a considerar a etiologia da histeria calcada em fatores sexuais. A clinica de Freud sofreu várias mudanças, sendo que a mudança no que se refere ao tratamento da histeria foi o deslocamento do campo visual (teatralização) para a escuta. O sujeito podia falar de si, percebe-se um saber não sabido que está escondido, como que em segredo. È a partir dessa constatação que Freud pôde abandonar a hipnose. (FREIRE, 2001).
A histeria coloca o corpo em evidência. Desde a antiguidade esse termo está ligado ao corpo feminino, as questões ligadas ao útero e, mais recentemente, as questões ligadas ao sistema nervoso ou cerebral. Freud postula que a histeria está no âmbito psíquico e se configura como um mecanismo de defesa que era utilizado pelo sujeito para se afastar do evento traumático que seria intolerável. Sendo assim, a produção de sintomas não passava de “uma substituição aceitável para a