A Mulher na Revolução Mexicana
A participação das mulheres na Revolução Russa de
1917 é bem conhecida. Como já citado em outro artigo, suas mobilizações foram os estopins que deflagraram a revolução. Sabe-se, também, que o processo revolucionário europeu do início do século
XX deu origem a grandes mulheres revolucionárias, como Clara Zetkin e Rosa Luxemburgo. Assim como conhecemos o importante papel desempenhado pelas mulheres na revolução chinesa.
Mas há uma grande revolução que acaba de completar 100 anos, mas pouco estudada pelo Marxismo. Falamos sobre ela em outras páginas da revista. Aqui, neste dossiê dedicado às lutas das mulheres, queremos citar alguns fatos sobre a participação das mulheres naquela que foi uma das grandes revoluções do século XX, a revolução mexicana de 1910.
A participação política e social das mulheres não se iniciou em 1910
O processo de industrialização iniciado no porfiriato1 abriu, para as mulheres, as portas das fábricas, oficinas, escritórios, comércio, repartições públicas e, em particular, aumentou sua participação no magistério. A criação da Escola Normal de
Professoras, em 1888, atribuiu grande importância à profissão de professora. Em
1876, 58,33% dos professores eram do sexo masculino e 25% do feminino; em 1900,
32,5% eram homens e 67,5% mulheres e em 1907, 78,29% dos docentes eram mulheres. Assim, ela começa a sair dos estreitos limites do lar para outras atividades, não apenas laborais, mas também culturais e políticas, o que leva a uma significativa mudança de hábitos, que não foi muito bem visto pela imprensa da época. Por exemplo, o jornal El Clarín, de Guadalajara, disse: “As senhoras e senhoritas da capital muito ativas, assaz viris que fazem discursos, compõem peças musicais e abraçam e beijam em público, francamente, não nos agradam esses arroubos viris do sexo frágil; afastem-nas de sua esfera natural de atuação, separem-na de tarefas como pregar botões, preparar uma refeição ou de