A mulher na idade média
A influência do cristianismo no desenvolvimento da civilização ocidental deu origem a um dos períodos mais prósperos no que diz respeito aos direitos das mulheres. Ao contrário do que a propaganda negativa dos iluministas tentou fazer com a reputação da Idade Média, a história revela um reconhecimento da dignidade feminina, como pessoa, que não voltou a ser vista até o século XX.
O papel que a Virgem Maria desempenha na tradição cristã, como mãe do Filho de Deus, levou a sociedade medieval a tratar as mulheres de forma impensável na antiguidade grega. Exemplos corajosos de convicção religiosa, por exemplo, que desafiavam poderes constituídos, foram dados por Ágata, Agnes e Cecília, mártires consideradas santas pela Igreja Católica.
Como sustentar que ao período entre o século IV e o século XIII foram tempos opressores e machistas, se no século VII temos uma Hilda de Whitby, freira que fundou sete mosteiros e conventos, ou ainda o exemplo da alemã Hroswitha de Gandersheim, autora de dezenas de peças de teatro. E quanto às numerosas rainhas feudais, tão reverenciadas quanto os reis, e que em alguns casos governavam sozinhas seu povo, como Leonor de Aquitânia, que reinou na Inglaterra de 1137 a 1204.
Sobre as mulheres comuns, historiadoras recentes como Régine Pernoud trouxeram à luz documentos que resgatam a existência de vários ofícios de grande relevância social dominados pelo trabalho feminino, como as atividades de cabeleireiras, salineiras (comércio do sal), moleiras e castelãs.
É razoável supor que, além do reconhecimento religioso de que Deus, dignificou todas as mulheres ao querer que seu filho tivesse uma mãe – e consequentemente engrandecê-la - , os conceitos filosóficos de livre arbítrio e de pessoa tiveram influência nessa mudança social.
Quando se conclui que todo ser humano, independente do sexo, de certa forma representa todo o gênero humano, a tendência à equidade de direitos é natural. Quando se desenvolve a