A morte.
A Morte como Amiga: Compreensão do Fim para um Bom Meio
Muitas pessoas temem a morte. E por causa desse temor, suas vidas tornam-se mais desassossegadas, cautelosas, dependentes e em alguns casos até mesmo depressivas. A morte é a única certeza em nossa existência. Brancos, negros, amarelos, ricos, pobres, reis, plebeus, homens ou mulheres: a foice não segrega. O filósofo Michel Montaigne tratou desse assunto no ensaio “De como Filosofar é Aprender a Morrer”, um dos mais famosos de sua autoria.
Segundo Montaigne, é uma virtude entender a morte e passar a não mais temê-la. O entendimento deste fenômeno da vida torna possível perceber que não importa o quão preocupados ou cautelosos sejamos, é inevitável que ele venha a acontecer um dia, e que devemos sempre estar preparados. Porém, isso não significa que possamos sair por aí fazendo todo e qualquer tipo de loucura justo por não temermos a morte. O que Montaigne expressa é que deixemos de tratá-la como um tabu, passando a refletir sobre o assunto em uma contemplação filosófica.
Em povos antigos a morte era um ritual: sacrifícios eram necessários para boas colheitas. Nos tempos escuros da história, uma execução ocorria em praça pública e era motivo de especulação, sendo o “grande acontecimento” do dia. Hoje, os cemitérios são dispostos no meio das cidades, e muitos de nós passamos indiferentes, eliminando qualquer resquício de pensamento ou reflexão sobre esse acontecimento tão natural. É do instinto evitar a morte, fugir dela. Mas é justamente por não sermos movidos somente a instinto que nos diferenciamos dos demais animais. A racionalidade é o que nos torna humanos, e ela está fundada na compreensão de nossos objetivos. E não seria a morte o objetivo final de todas as vidas? Segundo Montaigne, sim, a morte é para onde todos os seres se encaminham. É a grande “foz” da existência.
Como seres racionais, devemos compreender a