Morte
Morte e vida constituem um binômio no qual um representa o oposto do outro. Seus conceitos nos são íntimos de forma experimental, posto que convivemos com eles diariamente; entretanto, suas definições teóricas não são tão automáticas e simples.
Em seu Dicionário da Filosofia, Legrand defende que não existe atualmente uma definição suficiente para totalizar os fenômenos (assimilação, crescimento e possibilidade de reprodução) que a experiência corrente classifique com o nome de vida.
O Dicionário Aurélio define vida como 1) o resultado da atuação dos órgãos que concorrem para o desenvolvimento e conservação dos animais e vegetais, 2) o espaço de tempo compreendido entre o nascimento e a morte e 3) o conjunto de condições (habitação, alimentação, vestuário etc.) socialmente necessárias à preservação do homem.
Assim, para o mesmo, a morte é considerada somente o oposto: a cessação definitiva da vida, sendo que se manifesta pela extinção das atividades vitais: crescimento, assimilação e reprodução no domínio vegetativo e apetites sensoriais no domínio sensitivo.
Tais conceitos pecam por não conseguir exprimir a real complexidade e a subjetiva importância de vida e morte. Se a vida não nos fosse tão essencial e desejável, a idéia de perdê-la não nos causaria tanto temor, mistério, superstição e fascinação.
Segundo Garcia Morente em Fundamentos da Filosofia (1970, p. 308 a 311), o primeiro caráter que encontramos na vida é o da ocupação. Viver é ocupar-se; viver é fazer; viver é praticar. É um por e tirar das coisa, é um mover-se daqui para ali. Porém, se olharmos com mais atenção, a ocupação com as coisas não é propriamente ocupação, mas preocupação. Preocupamo-nos, primeiramente, com o futuro, que não existe, para depois acabar sendo uma ocupação no presente que existe.
Pelo fato de escolhermos, de termos um propósito, tanto vil como altruísta, nossa vida é não-indiferença. O animal, a pedra e o vegetal estão no mundo, mas