A Morte de Ivan Ilitch
Neste momento, perto da morte, começa a perceber viveu uma vida de aparências, tanto no desempenho de seu trabalho, quanto no casamento e em suas demais relações sociais. Ivan Ilitch, sua vida fora desprovida de um propósito mais significativo, que não passou do que a sociedade, com seu mero jogo de interesses, de galgar posições de prestígio, de parecer estar bem, preconizava.
Sua vida sempre foi buscar o que aos olhos dos outros era tido como o certo, que aparentemente era bem sucedida vida. Não era um adulador, nem quando menino, nem quando homem feito, porém, desde a infância, sentira-se naturalmente atraído pelas pessoas que ocupavam posição elevada na sociedade, tal como mariposas pela luz, e assimilava-lhes as maneiras e as opiniões, forçando ainda relações amistosas com elas.
Ivan Ilitch é o juiz bem sucedido, que desempenha perfeitamente o seu papel, ou seja, que aplica o Direito. Ele é o escravo da lei, a boca da lei, que no fundo no fundo sabe que tais coisas não existem, mas que age profissionalmente como se existissem. À semelhança dos médicos com os quais se depara ao longo de sua agonia e que, ali onde se encontra um homem a ser cuidado, só enxergam uma doença a ser eliminada, Ivan Ilitch também se mostra incapaz, durante toda sua vida como juiz, de levantar os olhos dos autos e dos códigos para ver os homens e seus problemas. Ele aplica o direito, mas não sabe que o Direito não pode ser aplicado de uma forma mecânica. Sua prudência, que se manifesta em sua dócil submissão a um legalismo convenientemente apropriado ao carreirismo, é máxima imprudência. E por essa imprudência, Ivan Ilitch paga um preço alto. O preço da falta de sentido.
Na sua vida pessoal, casou-se não por amor ou por ter