a morte de ivan ilitch
O protagonista é portador de um câncer em estágio avançado. Subitamente ele se dá conta de sua efemeridade e passa a repensar antigos valores e comportamentos. Suas cômodas preocupações burguesas perdem agora qualquer sentido, pois a enfermidade modifica completamente suas perspectivas, e de repente Ivan vivencia a outra face da existência, a dor e a decomposição.
Com a proximidade da morte o juiz medita profundamente sobre cada fase de sua existência, mergulhando em si mesmo e alcançando o autoconhecimento. É a hora de ajustar contas consigo mesmo, e de perceber o quanto foi leviana sua concepção sobre o modo de vida burguês.
Prisioneiro das circunstâncias em sua própria cama, ele permite que o leitor acompanhe e vivencie suas experiências com a enfermidade destrutiva, e nos leva a sentir a profunda dor diante do desprezo e da indiferença do médico e de seus familiares. Além do escritor tecer uma densa crítica social e existencial, ainda denuncia a visão materialista da Medicina perante a morte, o descaso com o paciente, o que torna o livro mais atual que nunca.
A desumanização dos médicos revela-se um fator de aceleração da doença e de uma aproximação mais rápida da morte. Em momento algum o paciente recebe afeto e atenção da parte dos doutores, algo que lhe provoca intenso sofrimento. Guerássim, seu empregado, é o único que sente compaixão por Ivan; é ao seu lado que o protagonista vai compreender, finalmente, o sentido da confiança e da afeição. Nem mesmo com a esposa e com a filha ele pode contar.
Nestas condições, ironicamente, o protagonista encontra uma vida mais plena e verdadeira, livre do