A mitologia do preconceito linguistico
Atualmente, em nossa sociedade, vemos uma forte opinião que condena os diversos preconceitos (ainda) existentes. Entretanto – adverte o autor – há um preconceito, não menos importante e prejudicial que os demais, que não é notado por essa corrente opinativa e, ainda por cima, continua a ser despercebidamente disseminado por meios de comunicação, livros, manuais e materiais didáticos: o lingüístico. Se observarmos bem, veremos este preconceito bastante espalhado por aí, em vários conceitos errôneos comumente existentes sobre a nossa língua portuguesa. E são exatamente estes conceitos, verdadeiros mitos, que serão expostos a seguir, com a finalidade de serem explicados e desmistificados.
Mito n° 1 – “A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente”
Considerado o maior mito do preconceito lingüístico, e o mais sério também, ele engana até mesmo “intelectuais de renome, pessoas de visão crítica e geralmente boas observadoras dos fenômenos sociais brasileiros” conforme nos diz o próprio autor. Este mito pressupõe a existência de uma única forma do português falado no Brasil, reforçada maciçamente pela gramática normativa ensinada nas escolas. É um absurdo pensar que, em um país tão grande, com inúmeras diferenças regionais e sócio-econômicas, a língua falada não apresenta variações.
Acreditar nesse mito é acreditar que há apenas uma língua portuguesa correta, a expressa na gramática normativa, e tratar as variações da mesma como inexistentes. Então, o que acontece com os brasileiros que (em sua maioria) não dominam a dita norma culta? Bagno diz que seriam, pois, os “sem-língua”, ironizando a suposta obrigatoriedade de se dominar a gramática para se poder dizer que fala o português. A ignorância em relação às variações da língua portuguesa é um problema muito sério se pensarmos, por exemplo, que a norma culta ensinada como norma correta nas escolas pode representar uma “língua estrangeira” –