A metaficção em levantado do chão: josé saramago
O romance conta a saga de uma família que narra os fatos ocorridos, pontuando datas que vão desde antes da implantação da República, em 1910, até a Revolução Agrária, de 1975. Nota-se que o interesse da narração foi apresentar o passado, por intermédio do olhar dos dominados, quer dizer, como os mesmos sentem os acontecimentos que compõem a história oficial. Os fatos não são apenas recuperados, são todo o tempo comentados, em um momento pelo narrador em outro pela personagem, apresentando muitas vezes a alienação e a ignorância a que estavam submetidos aqueles trabalhadores rurais em relação ao que estava acontecendo em seu país e no mundo.
Quando acontece a implantação da República, há um questionamento querendo apresentar que após a sua implantação nada foi alterado, continuando assim, a condição de miséria e opressão do indivíduo. “Então chegou a República. Ganhavam os homens doze ou treze vinténs, e as mulheres menos da metade, como de costume. Comiam ambos o mesmo pão de bagaço, os mesmos farrapos de couve, os mesmos talos. A República veio despachada de Lisboa, andou de terra em terra pelo telégrafo, se o havia, recomendou-se pela imprensa, se a sabiam ler, pelo passar de boca em boca, que foi o mais fácil. O trono caíra,(...) o latifúndio percebeu tudo e deixou-se estar(...)” (L.C, 33.)
A falta de questionamento do povo diante do que estava acontecendo no seu tempo. Então, percebemos quando é apresentado na obra o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914. Os camponeses estavam à margem da História, o que conheciam era a sua própria luta diariamente, e esta, de vez em quando apresenta-se como a mais brutal, pois leva a pessoa à morte aos pouco. “Correram vozes em Monte Lavre de que havia uma guerra na Europa, sítio de que pouca gente no lugar tinha notícias ou luzes.” (L.C, 47)
Em 1917, dá início a Revolução Russa, porém essa notícia