A mente e a memória
Por 30 anos Luria não somente mediu a capacidade e estabilidade da memória de S. ou suas técnicas de memorização, mas também como a personalidade, o pensamento e a imaginação podem ser influenciados por uma notável habilidade de memorização. Essa linha de estudo transcende a psicologia cientifica, pois considera a holisticidade do indivíduo, sendo assim muito mais do que simplesmente “causa” e “efeito”.
A proposta da obra é instigar a investigação e descrição de habilidades hiperdesenvolvidas e, dessa forma, inauguraria a psicologia concreta. O livro também reascendeu os estudos sobre memória e baseou novos sobre biônica: como a mente grava e resgata as informações.
A pesquisa sobre a mente fenomenal de S. inicia-se nos anos 20, quando o Luria o recebeu em seu consultório pedindo que testasse sua memória. S., de origem simples, jovem e aparentemente sem muitas pretensões profissionais, possuía uma memória da qual não sabia sua verdadeira capacidade: ele não se via diferente das outras pessoas.
Após alguns testes de memória, Luria concluiu que a capacidade de memorização de S. não tinha limites perceptíveis. Sua memória era tão impressionante que ele se lembrava de detalhes sobre os experimentos muitos anos depois de ter sido submetido a eles. Com o decorrer dos experimentos, Luria decide medir e qualificar a memória de S., trabalho esse que durou três décadas.
A capacidade de memorização de S. baseava-se em imagens visuais, e em poucos segundos eram necessários para memorizar uma tabela composta por quatro colunas e treze linhas, sendo capaz de se lembrar dela meses depois de vê-la pela primeira vez. Uma tabela de letras também foi utilizada nos experimentos, e S. falava que para reproduzir os dados ele apenas “lia” a imagem que via em sua mente, como se fosse um quadro negro.
Descobriu-se que S. possuía um grau elevado de sinestesia, onde os sentidos são hipersensíveis e