A literatura no ensino médio - ensaio & crítica
Antes de abordarmos algumas questões referentes ao ensino de literatura, farei um relato sucinto de minha experiência como professor dessa disciplina.
Iniciei o magistério nos primeiros anos da década de 1970, como professor de Literatura do Ensino Médio, antigo Segundo Grau, durante a vigência da LDB 5.692/71, que a dividia em Língua e Literatura (com ênfase na Literatura Brasileira), época marcada por uma concepção tecnicista de ensino. Devo dizer que vivenciei várias fases do ensino de Literatura, tanto em escolas públicas quanto em estabelecimentos privados.
As aulas eram sempre expositivas, com apoio limitado de recursos: apenas o quadro de giz e o manual didático, que por sinal ainda hoje circula na escola. Geraldo Matos, Audemaro Taranto, Douglas Tufano são nomes de autores desses manuais com os quais trabalhei em sala de aula.. Esses livros não eram tão atrativos quanto os de hoje. Mesmo porque há uma maior diversidade de autores e de reedições, embora o modo de apresentar a literatura e de conceber o seu ensino não tenham sofrido grandes alterações. Hélder Pinheiro destaca dois modelos de livros didáticos de literatura: “os livros de coleções voltadas para os três anos do ensino médio e os de volume único, que nalguns casos, é uma junção dos três volumes das coleções. Esses modelos são, quase sempre, de língua e literatura e, em muitos deles, a literatura é a menor parte.” Há algum tempo esses livros vêm reservando um bom espaço para exercícios de vestibular.
Atuei também nos chamados cursinhos pré-vestibulares, que surgiram na época do desmonte definitivo da escola pública de qualidade, iniciado no período da ditadura militar e consolidado pelos últimos governos democráticos. Os cursinhos eram instituições de reforço, procuradas em geral pela elite de maior poder aquisitivo. Não estavam comprometidos com um ensino que privilegiasse a construção de conhecimentos competências e habilidades, embora