A LINGUÍSTICA NO RENASCIMENTO E NO PERÍODO SUBSEQÜENTE
Sandra Eleutério Campos Martins
O estudo científico da linguagem humana não parou na Idade Média, apesar de poucos terem sido os avanços nesse período da história. O Renascimento, movimento que marcou os séculos XV e XVI, como o próprio nome já diz, vida nova, pretendia ser um retorno à Antiguidade Clássica. Por isso, no campo da investigação lingüística, os estudos realizados na Grécia e Roma antigas e durante a Idade Média voltaram a ser discutidos e levados em consideração para que se desse prosseguimento ao desenvolvimento da ciência lingüística. Para que seja possível compreender os aspectos que distinguem os estudos lingüísticos de antes e depois do Renascimento, é necessário recordarmos o que já estudamos no primeiro volume: o que pensavam os estudiosos da Idade Média sobre os estudos da linguagem. De um modo geral, o homem da Idade Média, cuja visão de mundo distinguia-se do de outras épocas, buscava o conhecimento nos princípios que fundamentam, mas ultrapassam os fenômenos terrenos, ao contrário de Aristóteles, que formulou os princípios inerentes aos fenômenos terrenos e neles procurava a construção do conhecimento. Isso também ocorria no campo dos estudos da linguagem, como se pode observar nas gramáticas especulativas da Idade Média, proposta a partir de uma abordagem universal da linguagem, que se baseava nos princípios subjacentes à linguagem. Entretanto, numa primeira fase do Renascimento, essa perspectiva mudou. Desde então, a lingüística tem se caracterizado pela inter-relação permanente entre a abordagem de Aristóteles, particular (dedica-se aos fenômenos físicos que distinguem um idioma do outro), e a abordagem dos modistas, universal (baseada nos princípios subjacentes a toda e qualquer língua). A partir de 1500, a investigação lingüística tem alternado entre a perspectiva particular e a