“A linguagem oral e o ensino de língua portuguesa”.
A priorização da linguagem oral, como forma de estudo, tornou-se mais intensa, no meio lingüístico, nos últimos decênios. Isto se evidencia por uma acentuada preocupação verificada na questão da oralidade que perpassa o aprendizado de língua materna, no ambiente escolar. Isto começou a ocorrer desde o momento em que os lingüistas recuperaram a fala como objeto de estudo. Eles levaram em conta que a língua é uma atividade, uma forma de ação e fatores que antes eram ignorados, tais como: “Quem falou, em que condição falou, e para quem falou”, passaram a ter uma atenção especial, visto que a língua é um conjunto de usos concretos, historicamente situados, que envolvem sempre um locutor e um interlocutor, localizados num espaço particular.
Portanto, estas novas formas de ver a língua e seu funcionamento refletem diretamente no ensino de língua materna. Segundo Castilho, “não se acredita mais que a função da escola deva concentrar-se apenas no ensino da língua escrita”. Pois segundo ela, se houver maior reflexão sobre a língua que falamos logo se verá a importância da língua falada, ainda que para a aquisição da língua escrita.
Língua e escrita: a escrita tem sido vista como de estrutura complexa, enquanto a fala de estrutura simples, dependente do contexto. Esta visão dicotômica entre oralidade e escrita, em que se considerava a segunda como superior a primeira, permaneceu por muito tempo no meio lingüístico, sendo mudada a partir dos anos 80 quando os estudiosos começaram a vê-las como praticas sociais diferentes. Sobre isto, Marcuschi salienta que o fato da língua escrita tornar-se tão necessária, fez com que ela ganhasse um status mais alto. Esta maneira de conceber a fala e a escrita levou a uma visão preconceituosa de que a fala é