A linguagem do simbolismo
O Simbolismo foi um movimento de caráter idealista tomando do Barroco e Romantismo muito de seu estado de espírito ideológico e estético, para firmar no desenvolvimento da segunda metade do século XIX, uma trincheira de oposição à técnica, à ciência e ao espírito eminentemente progressista da sociedade da época e sua expressão nas artes. O movimento surge na França a partir de 1857 com Charles Baudelaire e se desenvolve vigorosamente com Mallarmé, Rimbaud e Paul Verlaine, que cultivavam a poesia dos sentidos, da dúvida diante da realidade, a sugestão, o místico, o religioso e, sobretudo, a musicalidade. Enquanto estado de espírito o Simbolismo traz um pessimismo, que preconizaria uma sociedade em crise nas primeiras décadas do século XX, e uma dúvida sobre a capacidade de a técnica e da ciência dar continuidade ao ciclo de progresso até então conhecido.
O Simbolismo no Brasil inicia-se com o poeta catarinense Cruz e Souza que é reconhecidamente o precursor e o maior expoente do movimento simbolista no Brasil, que minguado pela força academicista e social dos parnasianos, esteve restrito a, além de Cruz e Souza, à figura de seu companheiro Alphonsus Guimaraens. Inaugura o movimento o volume de poesias “Missal” e “Broquéis”, ambos de Cruz e Souza e publicados no ano de 1893. Afrânio Coutinho comenta o efeito destas publicações, numa sociedade que cultivava uma literatura de cunho predominantemente elitista, objetivo e técnico:
“[...] o alvoroço neles causado pela estreia fulminante de Cruza e Souza, com o “Missal” não lhes dera tempo sequer de refazerem do choque, e já novo impacto os atingia: no mesmo ano, o Poeta Negro lhes dá “Broquéis” [...] Sentiam-se inquietos diante do estupendo calidoscópio de matizes, dos jogos vocabulares como gratuitos, numa superabundância virtuosística que pareceu, a alguns desatentos, simples dejetos e escórias retóricas” (1997: 400).