A liberdade como questao filosofica
(parte I)
De Aristóteles à Rousseau
Segundo a definição encontrada no Aurélio, "liberdade é a faculdade de cada um se decidir ou agir segundo sua própria determinação". A partir daí, parece-me relevante investigar se "determinar-se a fazer algo" pressupõe, já em si mesmo, ter as condições para tanto, isto é, não estar-se sujeito nem a obstáculos insuperáveis, nem a coações ou repressões de qualquer ordem.
Creio ser necessário examinar se é possível aos homens, em todas as instâncias de sua existência, ou pelo menos em alguma delas, um nível de liberdade incondicional, ou absoluta. Pode-se falar de ‘liberdade natural', ‘liberdade política', ‘liberdade de expressão', ‘liberdade de credo', livre arbítrio etc, Portanto, logo se vê, pela complexidade do tema, que a discussão, ou problemática da liberdade, foi e sempre será um desafio para a Filosofia. Dependendo do âmbito em que se trata, ao ser humano é atribuído maior ou menor grau de liberdade, ou mesmo liberdade nenhuma.
Na da História da Filosofia, percebemos que, em todos os tempos, sempre houve defensores e teóricos da liberdade que fomentaram esta polêmica temática. Aristóteles é um dos primeiros a tratar deste tema em seu livro Ética a Nicômacos, quase 400 anos antes de Cristo. Ali, liberdade é considerada como um ‘ato voluntário' de escolha entre alternativas possíveis. Vista assim, parece bastante razoável, mas a verdade é que o pensador grego estava longe de imaginar os desdobramentos da vida social do homem e as consequências de um ato movido puramente pelo "querer". O homem grego, pós-mitológico, acreditava que a Razão seria suficiente para provocar nos seres humanos atos virtuosos, de tal forma que sua própria vontade seria a manifestação da ‘virtude'. Mas o passar dos séculos não provou isso. Questiona-se até mesmo se ‘virtude' pode ser exercitada. Se todos nós pudéssemos fazer tudo quanto tivéssemos vontade, muitos de nossos atos extrapolariam os limites de