“A lei é uma invenção dos fortes, para acorrentar e governar os fracos” rousseau
O fraco ignorante é sempre esmagado pela roda daquele que sabe governar as leis. E quem governa é quem conhece, são os fortes, os “bons”, Foram os bons que nomearam a si mesmos e aos seus atos como bons. Foram eles que assumiram a tarefa de criação de valores, de estabelecimento de hierarquias. Essa característica, esses considerados “bons” não são os que agem de forma egoístas ou não egoístas. Esses são os "nobres", "aristocráticos", no sentido social, é o conceito básico a partir do qual necessariamente se desenvolveu "bom" no sentido de "espiritualmente bem nascido", "espiritualmente privilegiado", um desenvolvimento que sempre corre paralelo àquele outro que faz "plebeu", "comum", '`baixo", transmutar-se finalmente em "ruim", “fracos”.
Os homens não são iguais. Em cada um deles há uma quantidade de vontade diferente e um arranjo interno de instintos. Pode-se mesmo dizer uma luta de instintos na qual o mais forte, "o tirano em nós" vence, suplantando até mesmo nossa razão e nossa consciência.
É ingênuo crer que os homens nutrem naturalmente boas disposições para com os outros. Os homens só nutrem qualquer tipo de sentimento, bom ou mal, favorável ou desfavorável, por aqueles que lhe são de alguma forma próximos. O criador, o nobre, o senhor, jamais se apaixonará ou mesmo odiará um escravo porque entre eles há um abismo; eles não pertencem ao mesmo universo. O sentido que o primeiro dá às coisas é totalmente estranho ao sentido dado a essas mesmas coisas pelo escravo. Não há aproximação possível entre senhor e escravo, a não ser pela via da dominação do segundo pelo primeiro. Não há investimento afetivo no desprezo, ele é apenas a constatação do abismo que separa um homem do outro e estes não são inimigos, o