A legitimação da ética
No estado de necessidade, as escolhas feitas pelos agentes não estão isentas de conotação moral. A dificuldade em percebê-la está na crença de que existe apenas uma teoria: a teoria da convicção. Ora, existem situações extremas em que, sempre por razões altruístas, justifica-se a quebra de certas regras sob óptica da ética da responsabilidade. Um bom exemplo disso é o saque coletivo para saciar a fome (furto famélico). Estamos, portanto, em plena ética da responsabilidade, vertente da finalidade (sendo bons os fins, aceitam-se os meios), ainda que as ações sejam imorais. Essa teoria ética finca suas raízes não só na historicidade dos eventos, mas também, e, sobretudo, depende do âmbito a partir do qual se pensa e se analisa. Isso significa dizer que algo pode ser ético, ainda que seja imoral segundo a moral dominante.
Quando as pessoas comuns falam de ética ou de moral, elas se referem à firmeza de caráter: ser ético é não abrir mão de suas convicções íntimas, ter princípios, não vilipendiar seus próprios valores e crenças, não se prostituir, ser um modelo de