A jornada do herói em Percy Jackson e o ladrão de raios
Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.
Fernando Pessoa
O herói como arquétipo da maturidade
Percy Jackson e os olimpianos é uma narrativa que mescla aventura moderna e mitologia grega num clipe cheio de ação, batalhas e mistérios. Percy é um menino problemático de doze anos com dificuldades de aprendizado e relacionamento. Expulso de muitas escolas, seu desempenho escolar é um fracasso, sente dificuldade de se adaptar ao sistema de regras e, consequentemente, não se encaixa em nenhum núcleo social, o que o torna um adolescente solitário. Os problemas se estendem à família de Percy, sua mãe vive com o padrasto detestável e ele desconhece a verdade sobre seu verdadeiro pai. A descrição do personagem é feita para o rápido reconhecimento por parte do público alvo. Adolescentes que, como Percy, sentem-se deslocados e enfrentam muitos problemas com tudo que diga respeito à autoridade: escola, pais, professores. Numa sociedade em que pais separados são uma constante, a figura do padrasto substitui o conflito paterno mitológico e o