A invenção da Politica
Mas qual era a marca do poder nesses grandes impérios antigos? A marca era a identidade entre o poder e o governante. O governante era a e ncarnação do poder. Ele encarnava a autoridade inteira, o poder inteiro. Ele era o autor da lei, autor da recompensa, autor do castigo... A vontade pessoal do governante era a única lei existente.
O que queremos dizer não é que inexistisse poder ou autori dade antes dos gregos e dos romanos, pelo contrário. A imensidão dos grandes impérios antidos mostra que o poder estava lá. Qual é a diferença, entretanto, dos gregos e romanos face a esses grandes impérios, esse grande poder que havia na antiguidade?
É
que antes dos gregos e dos romanos a característica do poder era a identificação entre o ocupante do poder e o governante, ou seja, o ocupante do poder era o próprio poder. Isso quer dizer uma coisa muito simples: a vontade do governante, sua vontade arbi trária e caprichosa, em suma, aquilo que lhe desse na telha era a lei. Era ela o critério para tudo: para a guerra ou para a paz, para a vida ou para a morte, para a justiça ou para a injustiça.
O que fizeram os gregos e os romanos? Eles inventaram o pod er, ou seja, eles criaram a idéia e um espaço onde o poder existe através das leis, de leis que não se identificavam com a vontade dos governantes. Elas exprimem uma vontade coletiva. Essa vontade coletiva se exprime em público, nas assembléias e também at ravés da deliberação, da discussão e do voto. Ou seja: os gregos e os romanos submeteram o poder a um conjunto de instituições, a um conjunto de práticas que fizeram dele algo público, algo que