A invenção da politica
Entre inventar palavras ou conceitos e inventar a coisa, a política, há um abismo. Essa idéia lhe pareceu um tanto quanto falsa. Seria como fazer do político privilégio de um só povo e em particular do povo do qual a civilização ocidental vangloria-se de ser herdeira. Seria relegar à sombra do apolitismo ou do pré-politico e todas as formas de vida em comum anteriores aos gregos e, sobretudo a civilização européia.
A partir do momento em que houve humanidade na terra houve política. A sociedade grega foi a primeira sociedade particular na qual se reconheceu que a política não é característica de uma sociedade, mas do homem em geral. Protágoras explica que os homens devem viver politicamente, pois lhes faltam as qualidades biológicas de que dispõe as outras espécies animais para poder sobreviver na luta pela vida, e devem, portanto, se unir e dar prova das virtudes necessárias à cooperação e à vida em comum.
Platão explica a vida política a partir da insuficiência dos homens para satisfazer individualmente as próprias necessidades e da necessidade da divisão do trabalho. Já Aristóteles vê no homem um “animal político” por definição, isto é, um ser que vive naturalmente em comunidades políticas e que não pode ser feliz senão nessa vida com seus semelhantes.
Mais vale concluir: ser fiel aos gregos, a seu gênio único, é dizer que o político é constitutivo do homem. Não existem inventores do político. Ele está na natureza do homem, que não o inventou.
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